Resposta a situação vivenciada em Campo Grande pelos Médicos
24 de Março de 2017
Senhor Prefeito,
É comum e aceitável que os problemas na saúde pública não sejam resolvidas em apenas 3 meses de mandato. É notório que mesmo durante 4 anos, o senhor não irá solucionar, pois infelizmente o problema da saúde pública não é restrita a Campo Grande ou a Mato Grosso do Sul.
Admitir os problemas deixados pelo anterior prefeito, mostrar para a sociedade que está sendo solucionado parcialmente é o mínimo que se deve fazer neste momento.
Contudo, não é permitido e aceitável apontar o dedo aos médicos como se culpados fossem.
Não se trata de falta de médicos nas unidades de saúde, se trata de falta de política pública para preservar os médicos nas redes de atendimento.
A constituição Federal não permite ao médico ter mais de 2 empregos públicos, então ele escolhe trabalhar no serviço federal e estadual, pois tem um pouco mais de condições aceitáveis.
O serviço municipal, paga um valor irrisório se comparado ao salário dos seus secretários e assessores.
A unidade de saúde esta sem papel para impressão de resultados de exames.
Os gerentes, enfermeiros, técnicos e agentes de saúde, não aguentam mais trabalhar nos postos, porém por falta de opção, tem que aguentar e rezar para o regime de previdência não altere e inviabilize sua aposentadoria.
Os funcionários e médicos não podem mais trabalhar, pois sofrem ameaças físicas e psicológicas diariamente, e tem medo de trabalhar no posto, principalmente os médicos recém formados, quais são sempre agredidos por sua pouca experiência.
Se a consulta demora, os pacientes reclamam, se a consulta é rápida, dizem que o médico nem olhou para ele.
Se oferecem internação, os pacientes falam que preferem ir para casa, já que moram ali perto, e se sentirem alguma coisa voltam. Contudo se não oferece internação, dizem que o médico deu alta sem condições.
Infelizmente prefeito, o problema não está na classe médica, mas na política pública destinada a saúde, e nas acusações e ameaças veladas aos profissionais.
Avisar que irá publicar os salários dos médicos na mídia, em forma de coação, para os médicos não é uma ameaça, e ninguém tem medo de mostrar seus salários.
Assim como os médicos, publique também os salários de todos os funcionários comissionados, assessores, secretários entre outros.
Queremos ajudar e dar o voto de confiança que nossa cidade precisa, mas não é hora de arranjar inimigos, muito menos praticar sua gestão baseadas em ameaças e acusações contra uma determinada classe de servidores.
Os servidores municipais querem estar ao seu lado para reduzir os problemas da cidade, inclusive e especialmente os médicos.
Faça um favor! Não acuse os médicos, não faça “visitas” midiáticas, não faça ameaças.
Chame a classe médica para conversar e veja o que eles precisam para te ajudar.
ADDM – Associação de Defesa dos Direitos Médicos